Telefones Inteligentes
A velocidade com que as inovações ocorrem quando o assunto são smartphones – ou telefones inteligentes – é impressionante! Novos dispositivos, aplicativos e plataformas que prometem trazer – e na maioria das vezes cumprem – produtividade e eficiência surgem a todo instante.
Sem dúvida esse é um dos fatores que impulsionam as vendas dessas pequenas parafernalhas digitais e que fazem com que nos dias atuais sejam comercializados mais dispositivos móveis do que computadores tradicionais.
Essa revolução digital aconteceu de uma maneira tão assustadora que às vezes para a geração mais nova é quase impossível – ou então é uma tarefa muito difícil de abstração – pensar que até pouco menos de uma década atrás o celular era utilizado apenas para ligar e enviar mensagens curtas de texto (SMS).
Outro fator importante – dessa vez social – é que naquela época esses dispositivos não eram tão acessíveis assim: apenas pessoas com alto poder aquisitivo carregavam um celular preso na cintura através de uma presilha ou coisa parecida. Era sinal de status, glamour.
Também dentro das organizações o acesso a esse tipo de tecnologia era restrito a pessoas que ocupavam cargos de gestão ou diretoria. Velhos tempos esses!
A história do Pedro
É por isso que hoje vou contar a história do Pedro, cujo verdadeiro nome vamos manter em segredo. Ele é um desses profissionais que certamente devem existir dentro da sua empresa: extremamente exigente, preocupado em realizar o máximo de tarefas possíveis dentro de um espaço de tempo e que está sempre em busca de ferramentas que lhe tragam produtividade. É por isso que o Pedro tem a todo momento um smartphone ao alcance das mãos!
Para se ter idéia do que é produtividade para ele, dias atrás, enquanto fazia o checkout do hotel onde estava hospedado, Pedro participava de uma vídeo-conferência pelo smartphone e ao mesmo tempo fazia uso de um aplicativo que localizava o táxi mais próximo que o levaria até o aeroporto. Por ser um dispositivo multi-tarefa, Pedro ainda foi avisado através de um aviso sonoro sobre um e-mail que acabara de chegar na sua caixa de entrada, certamente a fatura da hospedagem. Ufa! E assim ele toma o seu táxi, com destino até o aeroporto, tendo como compania o seu fiel escudeiro.
Aqui abro uma parágrafo para esclarecer uma coisa: está explicado porque os smartphones caíram na graça de todos, desde o usuário que consegue realizar diversas tarefas simultaneamente e até a empresa, que consegue maior produtividade do seu colaborador – afinal de contas, como o Pedro conseguiria ser tão eficiente sem uma ferramenta que lhe oferecesse “a empresa na ponta dos dedos”?
Certamente o Pedro seria também um desses vários profissionais que durante o voo de volta para casa – com o smartphone no modo avião – respondem os últimos emails do dia que serão enviados assim que o avião chegar ao seu destino. E sem essa de “… pedimos aos senhores passageiros que permaneçam com os celulares desligados até a área de desembarque”. Please!
Na verdade, isso até aconteceria com o Pedro se não fosse um pequeno detalhe: ele esqueceu o celular no aeroporto de origem enquanto aguardava o embarque. Nesse momento eu também poderia assumir o nome de Pedro, talvez até você que está lendo esse artigo… Pesadelo mode on!
Pedro tem um bom salário, carro do ano e mora em um apartamento de alto padrão. O celular certamente não é um problema para ele… O celular não, mas as informações que estavam armazenadas nele… Bem… Para resumir a história, o Pedro não encontrou nunca mais o dispositivo mas teve a certeza de que alguém o encontrou. Pior, além de encontrar, também fez uso das informações.
Para entender melhor a situação, caro leitor, o Pedro estava em viagem de negócios para acertar os últimos detalhes de um projeto milionário que ele estava tentando fechar há um bom tempo. Era o contrato que todos aguardavam com ansiedade. A confirmação de que alguém fez uso das informações sigilosas que o Pedro armazenava no dispositivo veio quando o concorrente, até então quase fora do negócio, apresentou uma proposta com detalhes tão semelhantes que qualquer um diria que era uma cópia fiel ao original.
Situações como essa que o Pedro viveu soam estranhas para você? Será que isso é quase impossível de acontecer? Saiba que isso acontece mais do que se imagina! A venda de informações sigilosas é um negócio rentável e um campo fértil para quem sabe o que fazer com a informação.
Assim como a empresa do Pedro, diversas outras não dispõem de um centro de competência em Mobilidade. Na verdade, menos de 5% das empresas globais têm atualmente um centro de competência oficial e centralizado para Mobilidade.
Certamente essa história teria um final feliz se existisse um gerenciamento eficiente para os dispositivos móveis, uma Política de Uso que, por exemplo, exigisse a utilização de um simples controle técnico: a criação de uma senha de bloqueio da tela do aparelho. Ainda seria possível, como medida de remediação, bloquear o acesso a esse aparelho, localizá-lo ou até mesmo apagar as informações remotamente.
O que devemos tirar de lição no exemplo do Pedro é que as empresas estão adotando tecnologias que trazem muitos benefícios mas estão esquecendo de avaliar os riscos inerentes.
O que é importante saber para encontrar a solução correta?
Encontrar a solução correta para a sua organização não é uma tarefa fácil. Também não é apenas ter a solução “mais completa” do mercado. É necessário avaliar diversos fatores para chegar a uma solução que atenda de maneira eficaz todas as necessidades exigidas pelo negócio. Abaixo explico cada uma delas.
1) Objetivos de Negócio
O primeiro passo é entender o que é importante proteger e quais são os objetivos de negócio a serem alcançados com a utilização dessa nova plataforma.
Se a sua empresa não tem interesse em conhecer os processos de negócio que serão suportados nos dispositivos móveis, não faz diferença alguma se a solução avaliada é cheia de funcionalidades ou não.
2) Controles Técnicos
Por outro lado, existem fatores técnicos que precisam ser avaliados:
- Políticas de controle de MDM – Mobile Device Management– são premissas básicas para qualquer solução. Virou commodity.
- Será necessário suportar o gerenciamento de aplicativos e conteúdos – MAM, Mobile Application Management?
- E os dispositivos comprados pela organização? E os dispositivos trazidos pelo próprio colaborador, no modelo BYOD – Bring Your Own Device?
- Quais serão as plataformas suportadas?
Sim, a maioria dos fabricantes suportam iOS e Android, mas e Windows Phone ou até mesmo o Firefox OS? Se você acha que isso não é motivo para se preocupar, lembre-se que até 2009 ninguém tinha antecipado o declínio da BlackBerry, do Symbian e do WebOS – ou até mesmo que a Nokia adotaria o Windows Phone como sua estratégia principal.
3) Internet das Coisas
Nessa era da Internet das Coisas – Internet of Things – é necessário pensar um pouco além do smartphone. Estamos caminhando para um futuro bem próximo onde praticamente todos os dispositivos estarão conectados. Talvez um dia a internet será como a energia elétrica, presente em praticamente todos os tipos de aparelhos. Estimativas apontam que até o ano de 2.020 teremos praticamente 50 bilhões de dispositivos conectados à internet.
Diante dessa situação é difícil saber ou ao menos tentar prever o que esses telefones inteligentes serão capazes de oferecer em médio prazo. Até porque, com um mercado desse tamanho e potencial, é seguro afirmar que muitas empresas voltarão a sua atenção para oferecer diversos tipos de integração entre plataformas e tecnologias.
Por isso é importante optar por soluções que tenham flexibilidade suficiente para seguir o avanço das tecnologias e que sejam versáteis, tendo nativamente a capacidade de suportar o compartilhamento de informações com outras plataformas.
4) Experiência do Usuário
Por último mas não menos importante, a experiência do usuário é um dos itens que certamente colaboram para o sucesso ou o fracasso da adoção de uma solução de Mobilidade dentro da organização.
E uma das principais maneiras de manter a experiência do usuário é conseguir realizar as operações de maneira transparente. Soluções intrusivas prejudicam a usabilidade do dispositivo e impactam na produtividade do usuário.
Ainda, outro recado: adotar Mobilidade não é cercear a liberdade, que isso fique claro!
Escolhendo a Solução Correta Para o Seu Negócio
Percebemos – diante de todas as argumentações aqui discutidas – que tudo gira em torno da proteção da informação. Precisamos evitar os riscos inerentes da exposição dessas informações em uma nova plataforma.
Também precisamos conhecer o que é importante proteger, escolher as tecnologias que serão utilizadas para a entrega da informação e garantir a experiência do usuário. Essas são as variáveis que devem direcionar a escolha de uma solução de Mobilidade para o seu negócio. Tirar o máximo de cada um desses itens é essencial para quem quer aumentar as chances de sucesso de um projeto de Mobilidade.
Lembre-se: nem sempre a solução mais completa é a garantia do sucesso.
Arthur Cesar Oreanaé Especialista em Mobilidade da Symantec do Brasil. Profissional formado em Sistemas de Informação, com mais de 10 anos de experiência em segurança e arquitetura de sistemas de tecnologia para alta e baixa plataforma, possui diversas certificações em segurança, conformidade e plataforma cloud. Com larga experiência como palestrante em eventos da indústria e do mercado, é atualmente responsável por grandes projetos de soluções de Mobilidade, Gerenciamento e Cloud para diversos segmentos da Indústria.